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Ciência

Hipotermia como técnica de sobrevivência

Ensino Secundário
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Um dos factores ambientais que sofre frequentes variações é a temperatura. Este factor tem uma importância fundamental na manutenção da vida de todos os seres vivos, pois esta tem um papel importante na variação da temperatura interna do corpo que influencia as reacções químicas/metabólicas, tanto daqueles que conseguem regular a sua temperatura para um nível constante (homeotérmicos) como dos animais cuja temperatura varia com as alterações do meio (poiquilotérmicos).

Num mamífero, como é o caso dos humanos, os limites de temperatura compatíveis com a vida variam entre os 34oC e os 40oC e para que estes valores sejam mantidos intervêm os sistemas nervoso e hormonal, que regulam o funcionamento dos mecanismos homeostáticos.

No caso da temperatura do meio atingir valores relativamente baixos, os animais homeotérmicos adoptam processos de termorregulação tais como: piloerecção, no qual a camada de ar quente que se situa entre os pêlos eriçados aquece a superfície corporal; vasoconstrição (contracção dos vasos sanguíneos), que provoca uma diminuição do fluxo de sangue à zona superficial, o que leva à retenção da temperatura no interior do corpo, e contracção dos músculos esqueléticos, aumentando deste modo a taxa de respiração ao nível de células musculares.

Estes mecanismos visam uma estabilização da temperatura corporal, no entanto, são falíveis havendo assim possibilidade de uma considerável diminuição desta. Quando a temperatura corporal é inferior a 35ºC, dá-se a designação de estado hipotérmico.

Se as condições do meio exterior permanecerem inalteradas, o estado hipotérmico caracterizado pela diminuição da temperatura (pupilas dilatadas, pulsação lenta, dificuldade em respirar e dormência nos membros) pode ter um carácter fatal.

O estado descrito, quando induzido por meios artificiais, por exemplo, através do arrefecimento ao nível das trocas térmicas realizadas com a pele, poderá também ser benéfico em casos de asfixia perinatal (condição caracterizada por um atraso de respiração espontânea, acidose do sangue do cordão e anomalias do registo cardiotocográfico) e que tem como uma das consequências mais graves a encefalopatia hipóxica isquémica neonatal (doença devastadora a nível cerebral, dos recém-nascidos). A diminuição da temperatura cerebral é uma conduta terapêutica promissora na redução de danos cerebrais.

O oxigénio é o elemento fundamental para a manutenção dos processos metabólicos; o sangue arterial faz a sua distribuição por todos os tecidos do organismo. A redução da temperatura desacelera as reacções químicas e enzimáticas das células e, em consequência, reduz a taxa metabólica dos tecidos. Nessas circunstâncias, o consumo de oxigénio pelos tecidos é menor, contribuindo desta forma para a redução dos danos a nível cerebral.

Esta técnica recente e desenvolvida em primeira instância no Reino Unido foi usada para salvar uma bebé inglesa que nasceu “sem vida” e à qual foi aplicado o processo referido. Após 25 minutos sem qualquer sinal vital, a bebé conseguiu superar o estado de “morte” e hoje encontra-se em perfeito desenvolvimento físico e psicológico.

A termorregulação é um mecanismo de controlo homeostástico relativamente complexo e que apresenta condicionantes e adversidades, mas que permite ao ser humano a sua sobrevivência.


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Ciência

ENERGIA!!!

Ensino Secundário
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Habitualmente, chegamos a casa depois de um duro dia de trabalho e, como se se tratasse de um instinto que nasce connosco, acendemos as luzes, ligamos a televisão, o computador e, porque não, ligamos o carregador a uma tomada e deixamos que a bateria do telemóvel recarregue. No entanto, estando tão ocupados a ligar tudo que seja electrónico, nem as perguntas mais óbvias nos conseguem provocar um pequeno momento de reflexão. De onde vem a energia que nos permite fazer tudo isto? Quem é que a produz e como é que fazem com que ela chegue, de forma tão rápida, a todas as tomadas da nossa vida? Estas simples perguntas não encontram, em nós, qualquer resposta, apenas uma enorme confusão de fios, de adaptadores, de extensões, todos entrelaçados numa grande teia que nos persegue.

Ora, para que consigamos fazer tudo isto a que estamos habituados, a energia que chega a nossa casa tem que percorrer um extenso caminho, bem como sofrer uma data de transformações. Tudo começa numa fonte, o local ou material de onde provém a energia que todos os dias nos bate à porta. Pode ser o Sol, o vento, a água, as marés, no caso de nos referirmos a fontes de energia renováveis. Já no infeliz caso de falarmos de fontes não-renováveis, temos, por exemplo, o petróleo, o carvão e o gás natural. Posteriormente, essa mesma energia é processada numa central, sendo que, antes de ser colocada na rede, é-lhe aumentada a tensão para valores muito superiores aos que temos em nossa casa. Mas porquê? Bem, se o nosso objectivo é que cheguem às nossas habitações os desejados 240 V, é impossível que a energia seja transportada nos cabos eléctricos a baixa tensão. Os valores de energia dissipada seriam demasiado elevados para que esta indústria fosse rentável.

Por fim, mas não menos desgastante, a energia percorre os metros e metros de fios que habitam o interior das nossas paredes para, finalmente, alcançar a desejada tomada. Porém, a pobre energia nem assim consegue alcançar o descanso absoluto. Basta que um humano se lembre de ligar algo àquela mesma tomada, fazendo com que a energia tenha de se voltar a deslocar por todo o fio do carregador, por exemplo, até atingir o telemóvel onde é brutalmente armazenada.

Esperamos que, após este relato da triste existência da energia, tenha uma maior consciência de tudo aquilo que é necessário para que possa viver facilitadamente e sem muitas complicações, mas por quanto tempo?... Quanto tempo resistirá o planeta a este consumo imponderado de energia? Poderá agora entregar-se aos prazeres da reflexão sobre o mundo fantástico da vida da energia.