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Ciência

Música e Adolescência

A adolescência é uma extraordinária etapa na vida de todas as pessoas. É nela que descobrimos a nossa identidade e definimos a nossa personalidade. Nesse processo, desponta, por vezes, uma crise, na qual se reformulam os valores adquiridos na infância e se assimilam numa nova estrutura mais madura.

A música, enquanto forma genuína de expressão, pode desempenhar um papel preponderante quer na manifestação dos sentimentos e atitudes emergentes, quer na criação de elos identitários que fazem com que os adolescentes se sintam integrados em determinado grupo.

Na adolescência procuram-se, ainda que inconscientemente, modelos de referência que ajudem a descobrir o caminho a seguir numa encruzilhada de emoções que, por vezes, parece demasiado confusa e repleta de insegurança.

A música e os seus intérpretes aparecem, então, como um reflexo perfeito da sensibilidade dos adolescentes, parecendo expressar com exactidão as preocupações, anseios e sentimentos mais secretos de cada um, ou sendo objecto de admiração e idolatria.

Segundo o Dr. Álvaro Ferreira, psicólogo ao serviço da escolaglobal, por um lado as letras (que são poesia) ajudam os jovens a encontrarem as palavras certas para os vários afectos que vão descobrindo nas relações entre pares agora mais inflacionadas em importância e, por outro lado, com os rótulos estilísticos e papéis definidos difundidos pelos representantes dos vários movimentos artístico-sociais (pop, rap, punk, metal, clássica etc.), proporciona papéis bem definidos para que, desta forma, o adolescente se identifique e a partir dali alicerce a sua identidade. Na sua opinião, sem a música e estes movimentos, esta fase da vida seria muito mais difícil para a maior parte dos adolescentes ocidentais que, por viverem num mundo com tantas indefinições e poucos limites, sentiriam muitas dificuldades em se encontrar e responder à pergunta mais importante de todas: como devo agir para criar individualmente o melhor de mim na relação com os outros? Para concluir, o Dr. Álvaro refere ainda que a música pode ajudar os adolescentes a criar autonomia e individualidade, ajudando a que se integrem no grupo e se afirmem como ser único e singular, percebendo os outros como diferentes e deixando, desta forma, após um desenvolvimento saudável, a visão omnipotente do grupo.

Bem exemplificativa do poder da música enquanto veículo de emoções é a letra de uma conhecida canção - Problema de expressão, que nos diz: …O teu mundo está tão perto do meu, E o que digo está tão longe, Como o mar está do céu. E é tão difícil dizer amor, É bem melhor dizê-lo a cantar. Por isso esta noite, fiz esta canção, Para resolver o meu problema de expressão…

Entre os músicos que mais fãs conquistam entre os adolescentes podemos apontar nomes como os intemporais U2, os irreverentes Green Day ou a enérgica Beyoncé.

U2

Os U2 são uma banda de rock formada em Dublin, na Irlanda, no ano de 1976. O grupo é composto por Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr.

Os U2, com mais de trinta anos de estrada, são uma das mais populares bandas de rock do mundo, desde a década de 80. Os seus concertos são únicos e um verdadeiro festival de efeitos especiais. Os U2 destacam-se, também, pela sua participação activa em causas políticas e humanitárias, em especial o líder da banda, Bono. Ele tem participado diligentemente em várias campanhas e apelado a líderes do mundo inteiro a fim de obter apoio na sua luta contra a fome, sobretudo nos países mais pobres.

Green Day

Green Day são uma banda de punk rock dos Estados Unidos, formada em 1987, em East Bay, na Califórnia. A banda é composta por Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt e Tré Cool.

Beyoncé

Beyoncé Giselle Knowles é uma cantora, dançarina, compositora, produtora e actriz dos Estados Unidos, nascida e criada em Houston, no Texas. Cantora desde a infância, Beyoncé chegou à fama no ano de 1997 como vocalista do grupo feminino de R&B Destiny's Child, que já vendeu mais de 50 milhões de discos no mundo inteiro e mais de 25 milhões de discos lançados em sua carreira solo.

Em 2003, Beyoncé lançou o seu primeiro álbum solo, Dangerously in Love, que se tornou um dos álbuns mais bem sucedidos de 2003, vendendo mundialmente mais de 11 milhões de cópias.


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Ciência

Inverno Demográfico

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Começamos este artigo respondendo à seguinte pergunta: O que significa a expressão “Inverno Demográfico”?

Ora, “Inverno Demográfico” denota a queda da taxa de natalidade em todo o mundo e as suas consequências.

Segundo o demógrafo Philip Longman “O declínio global das taxas de natalidade é a força mais poderosa que afecta a sustentabilidade das nações e o futuro da sociedade no século XXI.”

Em todo o mundo, as taxas de natalidade reduziram para metade nos últimos 50 anos. Há agora 59 nações, com 44% da população mundial, com taxa de natalidade abaixo do nível de reposição.

Algures neste século, a população mundial começará a declinar e este declínio tornar-se-á rápido, a determinada altura, podendo mesmo alcançar a queda livre da população no nosso horizonte temporal.

Para alguns países, o declínio da população é já uma realidade. A Rússia está a perder três quartos de milhão de pessoas por ano. A sua população (actualmente 145 milhões) cairá de um terço até 2050.

O termo “inverno nuclear,” popularizado nos anos 80, aludia ao catastrófico impacto ambiental de uma guerra nuclear. As consequências, a longo prazo, do inverno demográfico poderão ser igualmente devastadoras.

O documentário “Inverno demográfico: o declínio da família humana” expõe, de forma cristalina, as severas consequências económicas e sociais da fragilização da família e da queda da taxa de natalidade em todo o mundo. Neste trabalho, académicos de várias áreas apresentam o contexto económico, social, demográfico e histórico do declínio da população e o impacto que as famílias têm na resolução de problemas e na estabilidade da sociedade.

Segundo as conclusões dos investigadores, a existência de um capital humano forte é necessária para cada economia. O desenvolvimento deste capital humano depende mais das famílias de que é constituído do que de qualquer outra instituição. A partir da sua investigação, estes académicos mostram a necessidade de se constituir um forte capital moral e social, melhor constituído dentro da família, como uma base para este capital humano.

É ainda salientado como o apoio à família é necessário no desenvolvimento das capacidades e da educação. As sociedades e as economias estáveis dependem fundamentalmente destes elementos vitais. O estudo mostra que as taxas de natalidade têm caído dramaticamente nos últimos 40 anos e que uma parte importante do mundo tem agora taxas de natalidade bem abaixo dos níveis da reposição.

Alguns países já começaram a ver a sua população reduzir e cedo começarão a sentir o efeito de uma economia em contracção. Segundo estes peritos, a população mundial, particularmente em países desenvolvidos, está a envelhecer.

A geração do baby-boom está a atingir a idade da reforma e necessitará de ser suportada pelas gerações que a sucederem, que têm tido cada vez menos filhos. Isto significa uma cada vez menor população activa a pagar os sistemas da segurança social, o serviço de saúde e o bem-estar mundial.

As economias serão postas à prova e os governos terão cada vez menor capacidade de resposta com a queda na produtividade e na cobrança de impostos sobre o rendimento.

A imigração aparece, então, para estes países, como solução para manter a sua capacidade laboral. Este crescimento da imigração, vindo quase exclusivamente dos países em vias de desenvolvimento, tem vindo a alterar a paisagem social e política nos países anfitriões. Esta emigração tem vindo a diminuir a produtividade nos países em vias de desenvolvimento, retardando o crescimento das suas economias. Acresce ainda que a consequente separação dos elementos da família (normalmente o pai) está a provocar grandes problemas sociais nos países de origem e as suas taxas de natalidade estão a cair mais rapidamente do que aconteceu nos países desenvolvidos, agravando o problema.

Em seguida, deixamos um conjunto de perguntas sobre as quais, certamente, muitos já reflectiram e as respectivas respostas.

Pergunta: O que é o nível de reposição da população, e porque é o número 2.1 assim tão importante?

Resposta:

O nível de reposição da população é o ponto do equilíbrio em que a população de um país não aumenta nem diminui. A fim de manter a população actual, a mulher média deve ter 2.1 filhos durante a sua vida. Essencialmente, necessita substituir-se a si e a um homem. Uma vez que algumas crianças morrerão antes de alcançarem a maturidade, é necessário um pouco mais de 2 filhos. Daí, 2.1. Um índice de natalidade de 2.1 faz manter a população. Um índice de natalidade inferior a 2.1 origina uma queda da população a longo prazo.

Pergunta: Onde é que existem os índices de natalidade mais baixos?

Resposta:

Dos 10 países com os índices de natalidade mais baixos, 9 estão na Europa. No total, o índice de natalidade europeu é 1.3, bem abaixo do nível de reposição (2.1). Nenhuma nação europeia tem um índice de natalidade de reposição.

O índice de natalidade da Itália é 1.2. Em Espanha, é 1.1. Isto significa que, caso não exista uma imigração em massa, estes países perderão metade da população em cada geração.

O índice de natalidade da Rússia caiu de 2.4 em 1990 para 1.17, actualmente, uma queda de mais de 50% em menos de 20 anos. Na Federação Russa, todos os anos, há mais abortos que nascimentos.

Embora os índices de natalidade nos países em desenvolvimento também estejam em queda., a maioria ainda está acima do nível de reposição, por enquanto.

O índice de natalidade nos EUA é de cerca de 2, por volta do nível de reposição, em parte devido aos índices de natalidade dos imigrantes.

Ninguém consegue adivinhar até quando isto acontecerá.

Pergunta: Quais são as consequências do declínio demográfico?

Resposta:

O economista Robert J. Samuelson escreveu em 15 de Junho de 2005 num artigo do The Washington Post: “É difícil ser-se uma super-potência se a sua população estiver a encolher.” Samuelson advertiu: “A população da Europa ocidental está cada vez mais envelhecida, de acordo com as projecções do U.S. Census Bureau. Actualmente, cerca de um sexto da população tem 65 ou mais anos de idade. Por volta de 2030, poderá ser um quarto e por volta de 2050, quase um terço.”

Em 2050, 16% da população mundial terá mais de 65. Em 2040, haverá 400 milhões de chineses idosos.

Se os actuais baixos índices de natalidade se mantiverem, a União Europeia estima que haverá um défice de 20 milhões de trabalhadores em 2030.

Quem trabalhará nas fábricas e nos campos europeus no futuro? Quem explorará os recursos naturais?

Quem cuidará de uma população envelhecida? Um aumento da população idosa combinado com uma redução da força de trabalho conduzirá a uma acelerada destruição dos sistemas de pensões.

Isto aborda apenas à superfície a maneira como o declínio demográfico mudará a face da civilização.

Mesmo o ambiente sofrerá um impacto adverso. Com os orçamentos públicos severamente esticados, as nações desenvolvidas já não estarão dispostas a suportar os custos da limpeza industrial ou de uma redução de emissões do CO2.

Pergunta: Que factores contribuem para o declínio demográfico?

Resposta:

Várias tendências sociais do pós-guerra convergiram para criar uma tempestade perfeita para o Inverno demográfico.

Os homens e as mulheres retardam o casamento, reduzindo a probabilidade de terem mais do que um ou dois filhos. Hoje, no ocidente, quase um em cada dois casamentos terminam em divórcio. Os filhos do divórcio têm uma menor probabilidade de se casarem e constituírem família.

Mais mulheres casadas estão a optar por não terem filhos para não prejudicarem as suas carreiras profissionais. Depois dos 35 anos, torna-se progressivamente mais difícil às mulheres conceberem.

A comunicação social e os meios de entretenimento apregoam aos jovens adultos que a satisfação vem das carreiras, romance, viagens e “do enriquecimento pessoal” - não de ter filhos. É muito raro Hollywood referir famílias numerosas (hoje em dia, mais de 2 filhos). A mensagem da cultura é viva-para-o-momento e viva em primeiro lugar para si mesmo, com nenhum sentido de obrigação para com as gerações anteriores ou preocupação pelo futuro.

O crescimento da coabitação também tem impacto. Na Escandinávia, quase tantos casais estão a viver casados como apenas juntos. A coabitação não é propícia a nascimentos nem a cuidar de crianças.

A secularização conduziu a uma falta de sentido nos jovens. Na maioria dos países, há uma correlação directa entre a frequência semanal aos serviços religiosos e o índice de natalidade. Aqueles que acreditam que a vida tem um sentido final têm filhos. Aqueles que não acreditam, não têm.

Assim, cada aspecto da modernidade trabalha contra a vida de família e a favor do individualismo e de famílias pequenas ou esterilidade voluntária.

Conhecendo as consequências da queda da natalidade, impõem-se a procura de soluções que só serão viáveis se se ultrapassar a incorrecção política de se falar na família intacta nos círculos políticos. Estas soluções passarão necessariamente por alterações nas políticas, mudanças que promoverão a família natural intacta.

Só o esforço conjunto de organizações de activistas, de políticos, do mundo de negócios e da comunicação social, juntamente com as organizações civis e religiosas, poderá alterar os corações e as mentalidades de toda a sociedade para nos levar a uma reversão desta situação.

Talvez seja já demasiado tarde para se evitarem algumas consequências muito graves, mas com o envolvimento de todos talvez se possa acautelar uma calamidade, antes que o Inverno demográfico se converta num irreversível Inferno demográfico.