Lenda da Nossa Senhora do Salto

Lenda da Nossa Senhora do Salto

De acordo com Manuel Ferreira Coelho, autor da Monografia do Concelho de Paredes – Freguesia de Aguiar de Sousa (1988) a Lenda da Sr.ª do Salto tem duas variantes: uma é a do cavaleiro que perseguido pelo demónio, se apercebe de um precipício mesmo à sua frente e da sua iminente queda. Aflito, invoca Nossa Senhora. Esta aparece-lhe e diz-lhe que se atire à vontade. Então o cavaleiro e cavalo rolam para o precipício. Por efeito de milagre, não houve perigo para ambos. Deste salto resultou a impressão de cinco marcas numa laje do rio, que terá ficado mole como cera.

Os cinco buracos visíveis numa laje do leito do rio, próximo da capela, têm sido atribuídos às patas e focinho do cavalo ao aterrar. A outra versão é semelhante à anterior, divergindo apenas na figura do Diabo que aparece em forma de lebre, a correr diante do cavaleiro provocando a mesma situação de perigo. Esta lenda foi registada em 1874 pelo botânico Augusto Luso da Silva que sendo poeta a transformou em quadras, que dizem:

Pela serra d’Abelheira
Montado em nédio corcel,
Leva seguida carreira
Um cavalheiro donzel.

A barba luzente brilha
Do orvalho que em gotas cai;
Fareja veloz matilha
Que em roda saltando vai.

Não vê dez braças em frente
Com tamanha névoa assim!
Ouve saltar de repente
Os cães a latir! Enfim.

Rompe-lhe rápida lebre
Que ali lhe escapa do pé!
Deita a correr com tal febre,
Que nada teme nem vê.

A lebre corria adiante,
E ele atrás, sempre a correr.
Ia o cavalo ofegante
Já em suor a escorrer.

Ela ia de rabo alçado,
E o via seguir atrás,
Por ter os olhos de lado;
Que fino que é Satanás!